Pequena história do tratamento da Diabetes - parte 1
Charles Best e Frederick Banting ganharam o prêmio Nobel pela descoberta da insulina
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O tratamento da Diabetes com o uso de farmacoterapia inciou-se na década de 1922 com a descoberta e purificação da insulina pelos médicos Frederick Banting e Charles Best. Ambos receberam o prêmio Nobel da ciência naquele ano pela descoberta. Iniciou-se a produção das insulinas NPH/ação intermediária e regular/ação rápida. Esta descoberta foi um divisor de águas entre a vida e morte de muitos pacientes que, até então, estavam fadados a uma vida de extremas restrições e frequentemente iam a óbito por complicações agudas da doença.
As medicações orais (específicas para a Diabetes tipo 2, aquele que, na maioria das vezes, pode ser tratado sem insulina) começaram a ser desenvolvidas no período pós-guerra. Estas descobertas incluíram o grupo da metformina e das sulfonilureias. Ao mesmo tempo, também se desenvolvia a indústria dos adoçantes artificiais, o que ressocializou o paciente diabético, retirando-o de uma dieta restritiva e repleta de privações. Até a década de 1990, as descobertas em relação ao diabetes se mantiveram nestas classes terapêuticas e avanços nas pesquisas sobre a fisiopatologia da doença andavam a passos lentos. Discutia-se como vencer a resistência à ação da insulina (principal problema do diabético tipo 2) ou a falta absoluta ou relativa deste hormônio no organismo, mas as taxas de mortalidade entre diabéticos permaneciam elevadas e o níveis glicêmicos persistiam descontrolados. Neste período são iniciados dois grandes estudos visando obter respostas sobre os benefícios de um controle intensivo da glicose para evitar as terríveis complicações microvasculares (retino, nefro e neuropatias) e macrovasculares (infarto e AVC), responsáveis pela elevada morbimortalidade da doença. Os resultados destes trabalhos mostraram que o controle correto e com metas prevenia as complicações descritas, mas aumentavam os riscos de hipoglicemia e ganho de peso, o que traria outros tipos de transtornos para os pacientes. Inciaram-se, então, pesquisas que melhoraram a qualidade das insulinas tornando-as mais próximas do nosso ritmo de produção pancreática e assim melhorando os efeitos indesejados. Neste grupo de novas insulinas incluem-se as insulinas humanas produzidas por DNA recombinante (NPH e regular) e as insulinas lentas com moléculas análogas à nossa, porém com perfil mais duradouro e sem picos (glargina e levemir). A epidemia mundial de diabetes,que se instala a partir da década de 1990, correlaciona-se fortemente com a epidemia de obesidade. Então, as pesquisas se focam em como controlar as duas doenças e na descoberta de qual o elo hormonal que as une. A partir daí, varias descobertas apontam para a elucidação de outros "defeitos" fisiológicos implicados na gênese da diabetes, ampliando o conceito além da tríade clássica: resistência à insulina, hipoinsulinemia e hiperglicemia como os únicos vilões deste enredo. Leia a segunda parte desta história |